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Relato de Experiências

Page history last edited by jaqueaferreira@... 15 years, 5 months ago

 

 

Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância

Interdisciplina: Educação de Portadores de Necessidades Especiais

Professora:  Mauren Lúcia Tezzari

Aluna:  Jaqueline Abrantes Ferreira

VI Semestre - Pólo Alvorada

 

 

 

Atividade 1 

 

    Relate sua experiência com educação especial e/ou com inclusão. O depoimento precisa ser sobre processos educativos que vocês mesmos vivenciaram, seja na sua escola, seja na sua sala de aula, seja na sua família ou com amigos.  
   Obs: o nome das pessoas envolvidas  serão mudados para preservar a identidade das mesmas. 

 

 

Relato de Experiência 1

 

 

   Recebi um aluno  deficiente auditivo chamado Lucas,seis anos ,para frequentar a pré escola  a  mais ou menos dez anos atrás. Estou dando ênfase ao tempo por  entender que esta  história de inclusão  já vem  sendo abordada desde então mas pouco mudou, muita coisa ainda precisa ser feita e discutida.

   Naquela época,seguindo uma metodologia extremamente tradicional ,me vi  em  apuros. O aluno em questão era uma pintura e uma figura (muito carinhoso e arteiro) ,usava aparelho auditivo  nos dois ouvidos ,não pronunciava  as palavras(somente sons) e era hiperativo.

   Além dele  tinha mais 29 alunos  para dirigir minha atenção,um dos objetivos  propostos para ele seria  ensinar a pronúncia das palavras,além do convívio social com os demais colegas e tudo mais que lhe trouxesse novas aprendizagens.  Na verdade,ele frequentava uma escola especial e suas habilidades eram  bem desenvolvidas  para o cronograma que eu tinha (noções de espaço,tamanho,cores,formas,etc) ,o meu trabalho seria de transformar estas informações adquiridas na escola  especial  para o convívio normal,além  da pronúncia das palavras.

   Tínhamos  muita dificuldade de comunicação ,ele falava na lingua de sinais e eu não entendia,a mãe  ajudava a entender  os mesmos e aos poucos fui criando opções  de nos entender sem a ajuda constante dela,geralmente eu apontava  e falava,ele apontava e fazia  os sinais correspondentes. 

   Por ser uma criança hiperativa eu não conseguia  dar conta  da atenção que ele necessitava sem deixar os outros 29  de fora,ele chamava muito para si e os outros ficavam  um pouco estressados  com suas arteirices. Cheguei a  fazer reunião de pais para amenizar as reclamações e tentar encontrar soluções para os problemas.

   Em certos momentos ele  pegava os materiais dos colegas e sentava em cima,pegava  trabalhinhos dos colegas para dizer que tinha sido ele  quem fez ou os rasgava,riscava as paredes e o que visse pela  frente,comia sem  permissão o lanche dos colegas,etc. Certa vez  fui até a sala ao lado para pegar uma barrinha de giz,foi o tempo necessário  para  que o Lucas fechasse a porta com a chave  e sentasse em cima dela e o pior é que  quando ele aprontava desligava  os dois aparelhos para que não tivéssemos comunicação.A solução para este  problema foi  conversar  com os  alunos trancados através  da janela e com muita paciência um dos  mais chegados a ele o convencer  a devolver a chave(não tinha cópia).  

   Durante o tempo que  o Lucas esteve conosco tive que fazer um trabalho  de aceitação por parte dos colegas e pais,sem que ele ou os pais estivessem presentes,expliquei  sobre sua deficiência (necessidade especial) e pedi que  ajudassem. Eles tiveram mais paciência  diante de  suas  arteirices e agitações,tentavam se comunicar com ele   como podiam e não o excluíam.

   O ano terminou e o Lucas saiu da escola,não tenho  idéia para onde foi,apesar de não ter conseguido  atingir aos objetivos propostos vejo como ponto positivo a interação  entre os colegas e  professora,a maneira como os coleguinhas  o ajudavam e tentavam  comunicação tinha mudado muito,agora não mais  faziam só reclamações  dele  mas achavam  até graça de algumas coisas que  ele  aprontava e o ensinavam a realizar as  atividades escritas e motoras.  

 

Relato de Experiência 2

 

 

   Duas colegas receberam alunos portadores de  necessidades especiais no ano de 2006.

 

Colega 1

 

   Aluna Margarete,sete anos ,deficiente auditiva,nunca frequentou escola,não usava aparelho e se comunicava  somente  por sinais,tinha mais dois irmãos(um mais velho e outro recém nascido,ambos normais).

   Em sala de aula era bem aceita pela professora e colegas porém com muita dificuldade de comiunicação,demonstrava interesse nas atividades e era uma criança calma e muito carismática. Faltava muito pois a mãe  não  podia  levá-la em tempos de chuva e frio  (por ela ter uma saúde frágil) e por causa do bebê que não tinha com quem deixar.

   Eu e a professora da menina,compadecidas da situação  tentamos dar uma melhorada  no problema ,marcamos uma reunião com a mãe(o pai  nunca se manifestou) para ficar a par  dos detalhes e de como poderiamos ajudar.Fomos informadas de que ela estaria tentando consultas e avaliações  para que fosse dado um diagnóstico mais preciso  e se fosse o caso tentar colocar um aparelho auditivo.

   Através de alguns contatos ,conseguimos  marcar  consultas,a professora levou  a ficha  na casa da menina e  em uma das vezes  até  levou os três(mãe,filha e bebê inseparável) no médico.

   Quando pensamos que tudo estaria se encaminhando,soubemos que  ela tinha faltado a  outras consultas importantes( com especialistas) e até hoje não soubemos porque e nem onde ela  foi parar,evadiu e mudou de endereço. 

 

 

Colega 2 

   Gustavo,10 anos ,alfabetizado frequentando a terceira série, deficiente  visual devido a complicações pela toxoplasmose.

   Nesta  sala  haviam além dele 37 alunos normais,a colega deu um exemplo de superação e profissionalismo dentro do possível de suas habilidades e possibilidades. Sentindo-se completamente só nesta batalha,procurou auxílio  na outra escola em que trabalhava,onde havia um  trabalho direcionado  para este fim.

   Sua colega de escola  prontificou-se a comparecer em horário  inverso  para ajudá-la,tentaram conseguir material de apoio e o que fosse necessário para  facilitar a permanência  do aluno.

   Foi feito um trabalho  com  todos os alunos para que  auxiliassem  sempre que necessário o colega a se movimentar  e usufruir de todas as dependências da escola bem como protegê-lo de empurrões  e escadas  até que  o mesmo se habituasse ao ambiente e os outros a ele.

   Pelo relato da  professora ,ele era um aluno muito dedicado,paciente,educado e muito carismático,dotado de uma capacidade de memorização  incrível. A dificuldade escontrada  por ela era construir os novos conhecimentos e dar atenção devida  a seu  problema,dava pena de ver os calos causados  pela transcrição  e realização de  atividades  com seu material.  Elas tentaram até conseguir com os órgãos competentes uma  máquina de escrever em Braille que como era de se esperar não foram atendidas.

   Este aluno  também saiu da nossa escola,frequenta um grupo de apoio aos deficientes visuais em outra entidade educacional onde tem mais recursos,acredito que evoluiu muito,ainda temos contato  com ele por residir  perto  da nossa escola mas acredito que lá esteja melhor assistido ,não desmerecendo o trabalho inicial de  minha colega.

 

Relato de Experiência 3

   Nem todas as experiências foram frustrantes,neste relato quero parabenizar a colega Maitê,mãe do Felipe de 16 anos e portador da Síndrome de Down,por sua garra e perseverança  na educação de seu filho e dos  demais alunos que leciona.

   Ela é viúva e tem dois filhos mais velhos e normais (um casal) além do Felipe ,trabalha  na rede estadual e na APAE,com muita competência. Eu e ela conversamos muito sobre seu filho ,no início tive medo  de  fazer algumas perguntas,curiosidades sobre o comportamento dos portadores de Down.

   Fiquei  surpresa devido a facilidade e tranquilidade  com que me  passou  todas as informações e  de como sempre que nos encontramos  conversamos sobre o assunto,por vezes cheguei até pensar em fazer uma formação dentro dessa área.

   O entusiasmo e a maneira com que ela conduz a troca de aprendizagem  comigo é fascinante,os assuntos fluem com  a maior naturalidade,falamos sobre sexualidade,família,preconceito,integração  social e muitos outros.

   Que ela tem uma vida difícil  é óbvio,pois os preconceitos e preconceituosos estão sempre de  plantão,mas ela não deixa isso transparecer,faz um trabalho muito  bonito  embasado teoricamente,quem ouve  ela falar  sobre o Felipe tem a  noção da impressão que nos trouxe o vídeo que  assistimos:nós somos os diferentes e eles os normais .

   Felipe estuda,namora (e muito!),tem uma vida sexual muito ativa,trabalha (em São Leopoldo),pega ônibus sozinho,tem suas opiniões e ações  como  um adolescente  de sua idade,a diferença  é  que está sempre  sendo assistido e direcionado,sendo preparado para  atuar na sociedade em que vive de acordo com suas potencialidades.

 

Conclusão sobre os Relatos de Experiência 

 

 

   Acredito que nós professores  podemos enfrentar os desafios para a inclusão  de portadores de necessidades especiais  nas nossas escolas pois considero que estas novas experiências  criam e produzem novos fazeres e  saberes,nos provocando a rever nossa prática e buscar soluções para os  velhos problemas.

   Defendo  porém que  a educação inclusiva acontece com a participação de todos,a escola não é um depósito de portadores de necessidades especiais ,é preciso que eles realmente se sintam incluídos  e  bem  assistidos ,para isso  se faz necessário  uma escola acolhedora,professores  com formação  diferenciada e direcionada para os diversos casos,atendimento clínico especializado ,comprometimento por parte dos órgãos governamentais  e  principalmente o apoio da  família. 

 

 

 

 

Comments (1)

Simone Ramminger said

at 8:41 pm on Apr 19, 2009

Olá Jaque!!!
Parabéns! Criaste o pbwiki para o Dossiê, me enviaste o e-mail com o endereço, me deste acesso a ele e fizeste o relato de experiências. Observei que procuraste preservar a identidade dos alunos. Isso é muito importante. Além disso, procuraste articular tuas opiniões, comentários e problematizações apresentando uma descrição clara das vivências que tiveste, demonstrando reflexão. Apontas alguns fatores da inclusão com qualidade: a colaboração da família, a importância de capacitação dos professores, da estrutura física da escola e de um trabalho em conjunto. Fiquei pensando o quanto seria importante ter um professor auxiliar nas turmas onde tem algum aluno com necessidades ed.especiais, para um atendimento mais qualificado de todos os alunos.
Hoje tens na tua sala de aula algum aluno com necessidades educacionais especiais? Deves eleger um caso que tenhas acesso para continuar os estudos no dissiê.
Tua atividade 1 está ok. A atividade 2 já está publicada no rooda. Lembra de fazer links com os textos (que estão bem interessantes!). Aguardamos a tua postagem!
Abraço, Simone Ramminger - Tutora sede EPNE

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